sexta-feira, abril 14, 2006

notas (sobre a estadia na maternidade)


pode-vos parecer estranho mas sempre achei que a ordem natural das coisas era os bebés nascerem de noite. sendo que a sara nasceu às 14h28, todo o resto do seu/nosso primeiro dia foi diferente daquele que passei com o diogo (noite feita, já).

dei a 1ª maminha ainda no quarto em que repousei do parto. demorou a atinar com aquilo, a menina. mais tarde deram-me um sumo e bolachas (nada para quem estava com uma fome de leão!).

já no quarto fui observada pelas enfermeiras que não gostaram da posição do meu útero. depois de algumas manobras e muitos pedidos de desculpa, chamaram uma médica. fiquei a soro com oxitocina para o útero contrair. o pai-vagem regressou e estivemos juntos toda a tarde. foi ele quem me ajudou a dar mama as 1ªs vezes (a miúda demorou a entender como é que a coisa funcionava). mais tarde chegaram as 1ªs visitas. de noite tive que chamar uma enfermeira porque a sara não queria mamar (5h após a última maminha). veredicto: intestinos cheios! lá foi a moça com a enfermeira e lá regressou cheia de fome.

na manhã do 2º dia tive novamente visita da obstetra e fui enviada para fazer uma ecografia. resultado: soro novamente, mais uma dose de oxitocina. lembro-me que cada vez que a miúda mamava eu ficava "cheia" de dores (do mesmo género das que me haviam avisado que o parto estava para breve no dia anterior). lembro-me também de não dar jeito nenhum dar mama com aquela coisa espetada no braço.

nessa noite quebrei...e chorei de saudades do meu filho (de quem ia sabendo notícias pelo pai e pela minha mãe com quem ele ficou). sei que a angústia da separação esteve sempre presente e aquele foi o momento em que descarreguei, em silêncio, na cama. foi uma noite complicada, com a miúda a chorar muito e eu sem a conseguir entender.

3º dia e uma vontade enorme de me ir embora. chegada da pediatra e alta da sara. chegada da obstreta e um aperto no coração quando ela pediu nova eco...depois de alguma conversa ela lá percebeu que eu já tinha feito uma no dia anterior e acabou por me dar alta (não tinha lido o processo antes, está visto!). momento caricato do dia: quando já tinha o pai-vagem a caminho de lisboa lembrei-me que não lhe tinha dito para trazer roupa para poder sair...salvou-me a minha irmã que lá encontrou umas coisitas mais para o largas em casa (parecia uma palhacita, mas enfim..).

gostava de ter escrito este post mais cedo. porque não me lembro já de muitos pormenores. lembro-me no entanto da grande diferença que senti em relação à minha anterior estadia na maternidade: uma vez mais, a magia que senti em nós da 1ª vez deu lugar a uma realidade mais crua e, acima de tudo, a uma facilidade muito maior em lidar com tudo o que se ia passando...

8 comentários:

Rita disse...

como compreendi e me identifiquei com este post.. qd tive a B. tb me fui abaixo uma noite na maternidade(ela na 1ª noite fartou se de berrar com cólicas e eu não sabia o q fazer) com o D. fuime abaixo pq ele nao se estava a satisfazer com o meu leite e passou a noite a chorar e o meu peito tb começou a sangrar e tinha muitas saudades do meu marido e filhas mas tb me ajudou a expriência que tive com a B.

um beijinho

Alda Benamor disse...

Olha que giro: para mim ter um filho também sempre fez mais sentido de noite, hehe!

Co(S)mic Gal disse...

Gandes aventuras nocturnas...eu ´c na minha ignorancia axo que a noite amedronta mais, o escuro e o medo parecem conpetir a ver quem ganhar e comogi ganham sempre lol
Beijokax e Boa Páscoa

nana disse...

palhacita?.... PALHACITA??????? humpf.

;oP

x

(gosto de ir sabendo estas coisas, mana, como se o tempo voltasse atràs, e eu estivesse lá contigo. e estou. e seguro a tua mão. e choro, contigo, mas de orgulho. por ti.)

Susana Vasconcelos disse...

Olá Inês!
O teu relato fez-me lembrar a minha estadia no Hospital de Pedro Hispano. O Mateus nasceu às 15h... Até mesmo o sumo e as bolachinhas! :-)
O Mateus também chorou bastante na segunda noite e eu também, sem saber o que lhe fazer.
A diferença mesmo é que eu não tinha um bebé em casa à minha espera. Quando li essa parte até me deu um aperto no coração. Acho que iria reagir exactamente como tu.
Beijinhos grandes para ti e para os teus piquininos.
Susana

dia-a-dia disse...

Ai, Dona Lua! O que mais me custou ler foi a angústia e saudade pelo bebé que estava em casa... embora entenda muito bem todos os restantes constrangimentos... O post está registado. Vai ser-me útil um dia... vai, vai.

Um beijinho grande.

Catarina Mendes disse...

Ainda me faltam 2 meses e já me angustia ter de estar sem ver o meu piolhinho por alguns dias...

a mãe dos miúdos disse...

imagino a angústia, principalmente a parte das saudades. acho que no meu caso existiriam outras coisas à mistura, um medo de estar a roubar alguma coisa a qualquer um deles... não sei... e não interessa :)

beijo
(e também acho que à noite faz mas sentido ter filhos ;)