encontrei este post através do facebook e todos os episódios voltaram ao meu coração: grávida ainda, ao telefone com o meu pai, a saber que tinham encontrado "um tumorzeco"; a sara com 10 dias e eu a saber que a operação não tinha corrido bem e não tinham feito nada (aquele banho que me escondeu as lágrimas e todos os medos); o perceber que também eu era “aquela a quem nada se conta”; a revelação num dia tão mas tão triste, com a revolta e a fúria a subirem por mim acima; o amamentar e mudar fraldas chorando copiosamente; a esperança, o medo, as reviravoltas, as viagens, as desilusões, o medo, o medo, o medo... o meu pai a ser o avô brincalhão que, sem cabelo nem sobrancelhas, se deitava com eles no chão e brincava; a luta...sempre; o meu emagrecimento repentino, o peso da gravidez a ir-se numa questão de poucos meses; aquele aniversário, o último, em que cantámos os parabéns e o meu pai nos viu a todos pela última vez fora do hospital; as visitas naquele hospital que sempre encerrará a maior mágoa, o maior ressentimento, toda a angústia que uma filha pode sentir ao ver, dia após dia, o pai a morrer lentamente. a Páscoa, passada a dois, entre soros e croissants, só nossa...tão nossa. e depois, naquele dia de Junho, a caminho do trabalho, no meio da auto-estrada, o telefonema, o fim. o fim da dor (dele), o prolongamento da nossa.
(tudo o resto é demasiado nosso para, sequer, o escrever.)