segunda-feira, setembro 23, 2013

sem título


encontrei este post através do facebook e todos os episódios voltaram ao meu coração: grávida ainda, ao telefone com o meu pai, a saber que tinham encontrado "um tumorzeco"; a sara com 10 dias e eu a saber que a operação não tinha corrido bem e não tinham feito nada (aquele banho que me escondeu as lágrimas e todos os medos); o perceber que também eu era “aquela a quem nada se conta”; a revelação num dia tão mas tão triste, com a revolta e a fúria a subirem por mim acima; o amamentar e mudar fraldas chorando copiosamente; a esperança, o medo, as reviravoltas, as viagens, as desilusões, o medo, o medo, o medo... o meu pai a ser o avô brincalhão que, sem cabelo nem sobrancelhas, se deitava com eles no chão e brincava; a luta...sempre; o meu emagrecimento repentino, o peso da gravidez a ir-se numa questão de poucos meses; aquele aniversário, o último, em que cantámos os parabéns e o meu pai nos viu a todos pela última vez fora do hospital; as visitas naquele hospital que sempre encerrará a maior mágoa, o maior ressentimento, toda a angústia que uma filha pode sentir ao ver, dia após dia, o pai a morrer lentamente. a Páscoa, passada a dois, entre soros e croissants, só nossa...tão nossa. e depois, naquele dia de Junho, a caminho do trabalho, no meio da auto-estrada, o telefonema, o fim. o fim da dor (dele), o prolongamento da nossa.




 (tudo o resto é demasiado nosso para, sequer, o escrever.) 

9 comentários:

gralha disse...

Um abraço, Inês.

1gota disse...

beijinho grande.
:*

gs disse...

Um beijinho!

jmalho disse...

Bjinho Inês...

Raquel disse...

Dor para lá do que possa imaginar. Beijinho

Cristina disse...

É bom ter-te de volta e um beijinho enorme.

Melissa disse...

Abraço, Inês. Também tenho desses cromos na minha caderneta, como sabes. Acompanham-nos para sempre, são património.

Anónimo disse...

E ao ler este post, a mem+oria da minha travessia, tão parecida... ao telefone, saber que era um tumor, com a minha Sara na barriga; a dificuldade de lidar com o assunto da minha Mãe, mas contada pelo meu irmão, por que a mim não se devia contar nada... o constante nó na garganta por entre fraldas e cólicas e alegrias que a minha filha me dava, a Avó careca que insistia, apesar do calor, em pôr o turbante para não assustar a bébé, a última vez que a vi e não fazia ideia disso, a notícia do fim pelo telefone quando estava a sair de casa para a ir ver. A dor maior... tal como na altura achei, uma identificação tão grande contigo.
Filipa

Anónimo disse...

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