"Nos Estados Unidos, alguém resolveu fazer um teste com mais de sessenta miúdos, entre os três e os cinco anos. Embrulharam cenouras cozidas em papel normal e em papel da MacDonald's. Fizeram o mesmo com leite e sumo de maçã. Uns em copos normais, outros em copos da multinacional. Os miúdos nem pestanejaram: comeram e beberam o que julgavam ser da MacDonald's e choraram por mais. O resto, exactamente igual, não lhes soube lá muito bem. Moral da história: com boa publicidade, até as cenouras sabem melhor.
Para defender as crianças da manipulação, o Ministério da Educação português resolveu avançar com um projecto escolar: ensinar os alunos do primeiro ciclo a ter "sentido crítico" em relação aos anúncios que vêem na televisão. O mais interessante vem depois. Quem é que aplica este programa? Um comité presidido pelo director-geral do Grupo Nestlé. E quem paga? Danone, Continente, Diageo, Kellog's e Nestlé. Ficam-me duas inquietações. Em que momento passou a ser aceitável que empresas privadas sejam responsáveis por matérias ensinadas nas escolas? E a que cabeça brihante ocorreu que as empresas que convencem as crianças, através da publicidade, a encherem-se de calorias, são as mais habilitadas para as defender da publicidade que lhes impingem? Quem julga que estamos dispostos a entregar o "sentido crítico" dos nossos filhos a multinacionais alimentares só pode pensar que ensandecemos de vez."
Para defender as crianças da manipulação, o Ministério da Educação português resolveu avançar com um projecto escolar: ensinar os alunos do primeiro ciclo a ter "sentido crítico" em relação aos anúncios que vêem na televisão. O mais interessante vem depois. Quem é que aplica este programa? Um comité presidido pelo director-geral do Grupo Nestlé. E quem paga? Danone, Continente, Diageo, Kellog's e Nestlé. Ficam-me duas inquietações. Em que momento passou a ser aceitável que empresas privadas sejam responsáveis por matérias ensinadas nas escolas? E a que cabeça brihante ocorreu que as empresas que convencem as crianças, através da publicidade, a encherem-se de calorias, são as mais habilitadas para as defender da publicidade que lhes impingem? Quem julga que estamos dispostos a entregar o "sentido crítico" dos nossos filhos a multinacionais alimentares só pode pensar que ensandecemos de vez."
(Daniel Oliveira in Expresso de 8/9/07)
(eu prefiro acreditar que o jornalista foi mal informado...é que só pode!!)
9 comentários:
Apre! É que não se pode pensar que seja outra coisa!
No mínimo surreal...
eu sei que ando muito irritável nestes últimos tempos mas coisas dessas tiram-me verdadeiramente do sério. é que nem sei por onde começar para comentar isto.
era o que nos havia de faltar...
E se for verdade?
Parece que é mesmo verdade. O ME não desmentiu. Resta-nos tentar impedir que os nossos filhos estudem tais matérias, quando a questão se colocar...
É uma vergonha!
Como????? O meu já anda no 1º ciclo e ainda não ouvi falar de nada disto....
no nosso pais isso não resulta, somos um povinho egoista que só v~e as oportunidades para o próprio.
vou-te dar um exemplo:
a escola que a V. frequenta, como muitas escolas, tem acordo com o ministério da saúde na profilaxia das cáries, resultado os pais autorizam ou não a toma do flúor na escola, quem autoriza, como foi o meu caso, é contactado pelo centro de saúde para as consultas de rotina com a higienista oral.
resultado da sala da V:
a higienista oral ficou surpreendida por a professora não ter pedido novo stock de flúor, as crianças respondem que não tomam o flúor e os copinhos são usados qd os meninos festejam o aniversário na escola, em falta de copos para servir sumo lá vai os copos, que todos nós pagamos, cedidos pelo ministério da saúde.
é assim que se vive em Portugal!
por isso penso que esses estudos não dão resultado em Portugal
infelizmente, não foi!
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