terça-feira, setembro 15, 2009

facadinhas no meu coração:


"mãe, os senhores enterraram o avô nicolau?"

(parece que viu um helicópetro no céu e disse adeus ao avô. um colega disse-lhe então que o avô tinha sido enterrado. e eu a sentir que enganei o miúdo com a história da estrelinha. e a explicar-lhe o melhor que consegui que o corpo do avô estava enterrado mas que como gostavamos muito dele ele continuava connosco no nosso coração. e acho que só o baralhei mais...)

8 comentários:

Dorushka disse...

Não é fácil explicar a morte e o seu significado às crianças. Com o tempo ele vai acabar por perceber o que realmente aconteceu... mas acho que podes continuar a alimentar a história da estrelinha, afinal é uma forma de recordar os momentos bons, não é?
Beijinhos

Anónimo disse...

pois, quando "chegamos aí", explicamos qualquer coisa como: "é que no cemitério é onde se faz uma pequena cerimónia para os mais crescidos e, assim, depois sabemos que há um sítio só do avô.... quando o procuramos nas estrelas ou o sentimos no coração, só conseguimos imaginar..."

é natural que te peça logo para ir visitar o avô ao cemitério. a I pediu logo. Não recusamos, mas adiamos dizendo que um dia iria, sim, mas que se combinava para uma data especial ou, simplesmente, quando nos desse mais jeito... E baixamos logo as expectativas dizendo que a única coisa que iria ver era uma placa com o nome do avô.

(mesmo assim foi curioso porque algumas vezes fez desenhos ou recortes e disse que gostava de levar para a placa do avô)

Carla disse...

Não deve ser nada facil explicar a uma criança da morte de uma pessoa proxima mas vais ver mais tarde ele entende, e daqui a nada já não se lembra. Agora a tua teoria da estrelinha axo que é a melhor e se ele acreditar é optimo, afinal de contas eu acredito que os nossos ente queridos estão a ver-nos e a protege-nos.
bjs
carla e maria

PSoMac disse...

Sabes isso acontece porque quando lhe tentamos explicar usamos termos muito suaves e achamos que devemos simbolizar a morte como alguém que foi para o céu e, na cabecinha deles, nunca se vai embora!! Mas esqueçemos que depois estão com outros meninos a quem as coisas foram contadas sem tabus e quando menos esperamos somos confrontadas com as perguntas deles sobre afinal o que aconteceu e que afinal não foi como nós dissemos.
Acho que encaramos a morte como um tabu, mais em relação ás crianças.
Não te critico porque assumo a mesma posição com o meu filho, do céu, da estrelinha ... acho que com a (con)vivencia adquirem esses saberes e vão aprendendo como as coisas acontecem, sem perguntas que agora se calhar difilmente conseguiriamos explicar.

Bjos

Alecrim disse...

Não sei o que te diga, Inês. No entanto, o comentário da Pal, que já passou pelo mesmo, parece-me exequível e sensato. E de qualquer forma, não me parece que tenhas enganado o teu filho, segundo eu creio foi assim mesmo: só o corpo dele foi enterrado. Claro que isto é o que eu creio, e compreendo perfeitamente que para ti não seja assim. Ainda assim, eu faria como a Pal disse.
Gosto muito de ti, Inês.

Nicca disse...

talvez não, amiga. dá-lhe tempo para ele arrumar as coisas na cabeça dele. ele há-de fazer mais perguntas e com isso vais limando as arestas.

qd foi da minha mãe expliquei-lhe que havia o sítio onde lhe dizíamos adeus e o sítio onde ela ficava a morar para sempre. no caso da joana ela rapidamente esqueceu o sítio do adeus e focou-se só no facto dela viver (com ela) noutro sítio.

enfim, não é fácil e não há soluções óptimas ou certas. deia ir no dia a dia e vai ajudando-o a perceber à medida que ele vai metendo peças no puzzle.

beijinhos,
sónia (a mãe dos miúdos)

Micas disse...

Não é nada fácil explicar...e eles compreenderem. E tens um filho tão inteligente que merece todas as explicações...que consigas dar.

Beijinhoooos

Raquel disse...

Eu digo sempre que pomos a pessoa numa caixinha especial debaixo do chão, com muitas flores em cima...é o mais perto do real, mas com um toquezinho de história poética...para não ser tão duro.